quarta-feira, 17 de junho de 2009

BAIXADA MARANHENSE

O Maranhão também tem seu pantanal. Este pantanal amazônico é uma imensa região formada por cadeias de lagoas com extensos pântanos e campos inundados periodicamente, onde está situado o mais extensivo refúgio de aves aquáticas da região nordeste. A Baixada Maranhense estende-se por 20 mil quilômetros quadrados, nos baixos cursos dos rios Mearim e Pindaré, e médios e baixos cursos dos rios Pericumã e Aurá, reunindo um dos maiores e mais belos conjuntos de lagos e lagoas naturais do Brasil.

Num ciclo de energia que se renova anualmente, os campos naturais desta região ficam descobertos durante aproximadamente 6 meses por ano, no período da estiagem. Na estação chuvosa, quando os rios e lagos perenes extravasam, os campos são inundados e transformados em extensos lagos rasos. Parte das águas é devolvida aos rios quando seus níveis baixam. O sistema e a paisagem são semelhantes aos lagos de várzea da bacia amazônica em geral e da Ilha do Marajó em particular, mas na Baixada eles sofrem influência não apenas dos rios, mas também das marés.

Pela sua importância ecológica, especialmente para aves aquáticas migratórias e residentes que utilizam a região como ponto de apoio e reprodução, a Baixada Maranhense foi transformada em Área de Proteção Ambiental (APA) pelo governo do Estado, em 1991. Parte da área também foi incluída no Acordo Internacional do Ramsar, de Proteção a Áreas Úmidas. Mas apesar da proteção legal, a região vem sofrendo, ao longo dos tempos, fortes e profundas alterações ambientais, provavelmente as mais graves em toda a Amazônia Maranhense, por ser uma das primeiras áreas de fronteira agrícola a serem ocupadas por colonos do interior e nordestinos vindos do Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia fugidos das seca, em busca de férteis terras propícias à agricultura e agropecuária como as da Baixada. Além dos desmatamentos e queimadas nos vales dos rios Mearim e Pindaré, oriundos da atuação histórica do homem nas frentes de ocupação para o cultivo de algodão e a exploração de babaçu, o equilíbrio ambiental da região vem sendo seriamente afetado pela criação extensiva de búfalos, a caça e a pesca predatórias, a implantação de barragens e de projetos de irrigação nas margens dos rios e cercanias dos campos, com o uso indiscriminado de agrotóxicos.

ECOSSISTEMAS

Com características naturais extraordinárias e diferentes ecossistemas, a Baixada Maranhense foi transformada, em junho de 1991, em APA, com uma área de 7 mil km2 na região continental à oeste-sudeste da Baía de São Marcos, incluindo a Ilha dos Caranguejos. Além do maior conjunto de bacias lacustres do Nordeste, onde se destacam os lagos Açu, Verde, Formoso, Carnaúba e Jatobá, a região possui extensos manguezais, babaçuais, campos inundados e matas de galeria, e uma rica fauna e flora, com destaque para aves aquáticas e animais ameaçados de extinção como o peixe-boi marinho.

PEIXES

O complexo de lagos da Baixada Maranhense constitui uma região ecológica de distinta importância no Estado e no Nordeste, não só como potencial hídrico, mas pelo papel sócio-econômico que representa para toda a população ribeirinha. Os lagos são ricos algas, peixes e outros animais. No verão, somente no lago Açu, são pescados até 15 toneladas de peixes por dia e no lago de Viana a produção anual chega a 1000 toneladas. Essa produção natural de peixes, segundo os pesquisadores, ocorre provavelmente em função dos primeiros elos da cadeia alimentar aquática. As pesquisas mais recentes indicam uma queda na produção do pescado, em consequência da destruição das macrófitas aquáticas e do assoreamento dos corpos d'água. Além da pesca predatória, que afeta a procriação das espécies nativas, os biólogos também alertam para os impactos do uso indiscriminado de agrotóxicos em projetos de irrigação e a introdução precipitada de espécies exóticas nos lagos e rios, sem os necessários e indispensáveis estudos ecológicos.

AVIFAUNA

Estudos sobre a avifauna da Baixada Maranhense, realizados em meados da década de 80 pelos pesquisadores Paul Roth e Dereck Scott, revelaram que em grande parte da região, principalmente no Baixo Mearim, a fauna é pouco perturbada e ainda mostra grande riqueza, tanto em número de espécies quanto em número de indivíduos. A Baixada representa, principalmente na época seca, o mais extensivo refúgio para aves migratórias do Nordeste brasileiro, muitas ameaçadas de extinção. Durante, foram observadas 50 espécies de aves aquáticas e outras espécies ligadas à agua, como o gavião-caramujo e martim pescador. Entre as aves residentes aquáticas mais comuns estão a garça e o socó. Também foram observadas mais de 20 espécies de maçaricos, a maioria delas espécies migratórias que depois da reprodução no continente norte-americano migram para o Brasil, fugindo do frio. Outras aves, como gaivotas, trinta-réis, narceja e jaçanã utilizam a Baixada para a reprodução, migrando depois para o interior ou para a costa.


Gavião-caramujo, o fruto da palmeira titara e o filhote de jacaré

terça-feira, 16 de junho de 2009

A VOZ DO MENINO





Ei! Psiu! Olha para mim.

Estou aqui ao teu lado, por todo lado. Mas não precisas olhar assim com esse olhar desconfiado, de quem vai dizer: "Não tenho trocado."

Nem precisa se preocupar... Não tenho canivete, não sou pivete. Sou menino.

Não quero tirar nada teu, ou melhor, quero sim. Gostaria que me desse um sorriso, não aquele amarelo, mas daquele sincero, sorriso de amigo.

Sou carente sim, reconheço. Carente de teu apreço. Por favor, olha pra mim. Quando eu estiver do teu lado, mesmo pedindo trocado, olha bem para mim.

Tu verás um menino, meio franzino, meio crescido, um tanto desiludido quanto ao seu próprio destino. Por favor, olha por mim!

SITUAÇÃO É CRITICA NA BARRAGEM DO PERICUMÃ

imirante.com

PINHEIRO - Uma equipe de vistoria técnica multidisciplinar do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia do Maranhão (Crea/MA) constatou ontem que a barragem do rio Pericumã, em Pinheiro, necessita de reparos em sua estrutura e de manutenção urgentes. A barragem já desmoronou em alguns segmentos, mas não corre risco iminente de romper e provocar uma tragédia. A obra é responsável pelo fornecimento de água e pescado para cinco cidades da região da Baixada: Pinheiro, Palmeirândia, Matinha, Peri-Mirim e Pedro do Rosário.

A barragem, construída nos anos 70 e inaugurada em 1982, desde 2003 não passa por reforma. Em conseqüência disso, parte do muro de proteção (remanso), que fica do lado do mar, desmoronou deixando a sua estrutura desprotegida.

Com 100m de comprimento e 25m de largura, a barragem do Pericumã represa cerca de 63 milhões de metros cúbicos de água. Ela é composta de três comportas, uma eclusa (uma espécie de elevador hidráulica de embarcações que permite a navegabilidade do rio) e dois diques laterais.

Vistoria - A equipe multidisciplinar de vistoria é formada pelo engenheiro especialista em barragens, Selísio Santiago Freire, pelo doutor em engenharia ambiental e hidráulica, Lúcio Macedo, e o engenheiro civil e de segurança do trabalho, Francisco José Albuquerque.

Lúcio Macedo constatou que a barragem está realizando as suas funções ambientais e econômicas. “A parte de reter a água do mar e fornecer água está funcionando bem e não está causando danos ambientais a região”, disse.

Já o engenheiro especialista em barragens, Selísio Santiago Freira, constatou que a barragem precisa de reparos e manutenção urgente. “Participei da construção da barragem e posso dizer do ponto de vista técnico que se ela não for recuperada e não sofrer manutenção na parte eletromecânica poderá romper e causar um grande dano financeiro para a região”, disse.

Já o engenheiro civil e de segurança do trabalho, Francisco José Albuquerque, disse que o rompimento da barragem do Pericumã não causaria uma tragédia, como a de Algodões, no Piauí, mas causaria danos financeiros a região. “Estive lá no Piauí para ajudar os colegas do Crea e posso afirmar que pelo volume de água do Pericumã seria impossível haver uma tragédia como aquela de Algodões. Mas em cumprindo a nossa função, que é de fiscalizar edificações, vamos emitir um relatório aos órgãos competentes recomendando as providências que devem ser tomadas”, afirmou.

Hoje, a equipe técnica do Crea fará uma vistoria na barragem do Flores, no município de Joselãndia.